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sábado, 14 de maio de 2011

Arquidiocese de Maceió | Igreja Missionária e Samaritana

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13/05/2011 14h24

Castidade é sim ao amor e não é um não aos prazeres

Papa Bento XVI recebeu em audiência os participantes de um encontro sobre Matrimônio e Família

Da Redação/Com cancaonova
Bento XVI sobre sacralidade do corpo: ''Longe de opor-se ao espírito, o corpo é o lugar onde o espírito pode habitar''. Montagem sobre fotos / LOR

O Papa Bento XVI recebeu em audiência os participantes de um encontro promovido pelo Pontifício Instituto João Paulo II para estudos sobre Matrimônio e Família. O encontro aconteceu na Sala Clementina do Palácio Apostólico Vaticano na manhã desta sexta-feira, 13.

Ao explicar a linguagem do corpo, o Papa explicou que, após a criação de Adão, segue a de Eva. Assim, a carne recebida de Deus é chamada a tornar possível a união de amor entre o homem e a mulher e transmitir a vida. Antes da Queda, os corpos de Adão e Eva aparecem em perfeita harmonia.

"A união em uma só carne se faz então união de toda a vida, até que o homem e a mulher tornem-se também um só espírito. Abre-se assim um caminho em que o corpo nos ensina o valor do tempo, da lenta maturação no amor. Nessa luz, a virtude da castidade recebe novo sentido. Não é um 'não' aos prazeres e à alegria da vida, mas o grande 'sim' ao amor como comunicação profunda entre as pessoas, que requer o tempo e o respeito, como caminho conjunto rumo à plenitude e como amor que torna capaz de gerar vida e de acolher generosamente a vida nova que nasce".

Bento XVI recordou que pouco após a morte do pintor Michelangelo [quem pintou a Capela Sistina], Paolo Veronese foi chamado pela Inquisição com a acusação de ter pintado figuras inapropriadas em torno da Última Ceia. O pintor respondeu que também na capela Sistina os corpos eram representados nus, com pouca reverência. Foi então que o próprio inquisidor saiu em defesa de Michelangelo com uma resposta que se tornou famosa: "Não sabeis que nessas figuras não há nada além de espírito?".

"Demanda trabalho compreendermos essas palavras, porque o corpo nos aparece como matéria inerte, pesada, oposta á consciência e à liberdade próprias do espírito. Mas os corpos pintados por Michelangelo são habitados pela luz, vida, esplendor. Desejava mostrar que os nossos corpos escondem um mistério. Nesses, o espírito se manifesta e opera", explicou o Santo Padre.

Se os corpos humanos são chamados a ser corpos espirituais, como diz São Paulo (cf. 1Cor15,44), pode-se então perguntar, como propõe o Bispo de Roma: pode esse destino do corpo iluminar as etapas de seu caminho? Se o nosso corpo é chamado a ser espiritual, não deverá ser a sua história aquela da aliança entre corpo e espírito? "De fato, longe de opor-se ao espírito, o corpo é o lugar onde o espírito pode habitar. À luz disso é possível compreender que os nossos corpos não são matéria inerte, pesada, mas falam, se sabemos escutar, a linguagem do amor verdadeiro", expressou.

Linguagem do amor verdadeiro

Bento XVI explica que a primeira palavra dessa linguagem encontra-se na criação do homem. O corpo fala de uma origem que não foi conferida pelo homem a si mesmo. Nessa perspectiva, o corpo "porta em si um significado filial, porque nos recorda a nossa geração, que chega, através de nossos genitores que nos transmitiram a vida, a Deus criador. Somente quando reconhece o amor originário que lhe deu a vida, o homem pode aceitar a si mesmo, pode reconciliar-se com a natureza e com o mundo".

No entanto, também é verdadeiro que o corpo contém uma linguagem negativa: fala da opressão do outro, do desejo de possuir e desfrutar. "Todavia, sabemos que essa linguagem não pertence ao projeto originário de Deus, mas é fruto do pecado. Quando se desprender do seu sentido filial, da sua conexão com o Criador, o corpo se rebela contra o homem, perde a sua capacidade de fazer transparecer a comunhão e torna-se terreno de apropriação do outro. Não é talvez esse o drama da sexualidade, que hoje permanece reclusa no círculo restrito do próprio corpo e na emotividade, mas que na realidade pode completar-se somente no chamado a ser algo de maior? A esse olhar João Paulo II falava da humildade do corpo", destacou.

O Sucessor de Pedro salientou que a Queda original não é a última palavra sobre o corpo na história da salvação. Deus oferece ao homem também um caminho de redenção do corpo, cuja linguagem é preservada na família. "A família, eis o lugar onde a teologia do corpo e a teologia do amor se entrelaçam. Aqui se aprende a bondade do corpo, o seu testemunho de uma origem boa, na experiência de amor que recebemos dos genitores. Aqui se vive o dom de si em uma só carne, na unidade conjugal que une os esposos. Aqui se experimenta a fecundidade do amor, e a vida se entrelaça àquela de outras gerações. É na família que o homem descobre a sua relacionalidade, não como indivíduo autônomo que se autorrealiza, mas como filho, esposo, genitor, cuja identidade se funda no ser chamado ao amor, areceber-se dos outros e a doar-se aos outros".

A plenitude do caminho da criação acontece na Encarnação, com a vinda de Cristo. Deus assumiu o corpo e revelou-se nele. É aí que, de acordo com o Papa, o movimento do corpo em direção ao alto é integrado a um outro movimento mais originário, aquele humilde de Deus que se abaixa em direção ao corpo, para depois elevá-lo a si.

"Como Filho, recebeu o corpo filial na gratidão e na escuta do Pai e doou esse corpo por nós, para gerar assim o corpo novo da Igreja. A liturgia da Ascensão canta essa história da carne, pecadora em Adão, assumida e redimida por Cristo. É uma carne que se torna sempre mais plena de luz e de Espírito, plena de Deus.
Aparece assim a profundidade da teologia do corpo. Essa, quando é lida no conjunto da tradição, evita o risco da superficialidade e consente colher a grandeza da vocação ao amor, que é um chamado à comunhão das pessoas na dúplice forma de vida da virgindade e do matrimônio".

Instituto

O Pontífice lembrou que as "Catequeses sobre o amor humano" foram particularmente confiadas por João Paulo II ao Instituto para o estudo, pesquisa e difusão. "Conjugar a teologia do corpo com aquela do amor para encontrar a unidade do caminho do homem: eis o tema que gostaria de indicar-vos como horizonte para o vosso trabalho", disse.

Ele também recordou que o Instituto e o Pontifício Conselho para a Família foram instituídos ao mesmo tempo, há trinta anos, pelo Beato João Paulo II, prova de como ele estava convencido da importância decisiva da família para a Igreja e a sociedade.

Por fim, o Pontífice destacou que o Instituto é colocado sob a proteção de Nossa Senhora, em cujo corpo de mulher "tomou corpo aquele Amor que gera a Igreja. A Mãe do Senhor continue a proteger o vosso caminho e a tornar fecundo o vosso estudo e ensinamento, a serviço da missão da Igreja para a família e a sociedade".

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